Memórias de um Sargento de Milícias - Manuel Antônio de Almeida
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Sinopse
Memórias de um sargento de milícias é um romance de Manuel Antônio de Almeida. Foi publicado originalmente em folhetins no Correio Mercantil do Rio de Janeiro, entre 1852 e 1853, anonimamente. O livro foi publicado em 1854 e no lugar do autor constava "um brasileiro".
A narrativa de Memórias de um sargento de milícias, de estilo jornalístico e direto, incorpora a linguagem das ruas, classes média e baixa, fugindo aos padrões românticos da época, onde os romances retratavam os ambientes aristocráticos. A experiência de ter tido uma infância pobre contribuiu para que Manuel Antônio de Almeida desenvolvesse a sua obra.
Destaca-se, ao lado de O filho do pescador de Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa e A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, entre as primeiras produções românticas da literatura brasileira.
Prólogo
Era no tempo do rei.
Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda, cortando-se
mutuamente, chamava-se nesse tempo — O canto dos meirinhos —; e bem lhe assentava o
nome, porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos dessa classe (que
gozava então de não pequena consideração). Os meirinhos de hoje não são mais do que a
sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei; esses eram gente temível e temida, respeitável
e respeitada; formavam um dos extremos da formidável cadeia judiciária que envolvia todo o
Rio de Janeiro no tempo em que a demanda era entre nós um elemento de vida: o extremo
oposto eram os desembargadores. Ora, os extremos se tocam, e estes, tocando-se, fechavam o
círculo dentro do qual se passavam os terríveis combates das citações, provarás, razões
principais e finais, e todos esses trejeitos judiciais que se chamava o processo.
Daí sua influência moral.